Este foi o conceito que
aprendi assistindo a um filme sobre a brilhante Hannah
Arendt, Filósofa alemã, de origem judaica e umas das mais influentes do século
XX. O discurso final apresentado por Hannah é simplesmente espetacular e me possibilitou
entender muitas coisas sobre esta nossa realidade tão carente de sentidos.
Hannah Arendt afirma que “o
maior mal do mundo é perpetrado por ninguém”. Isso significa dizer que pessoas
boas fazem coisas ruins, mesmo sem querer. E a explicação para isto é simples:
às vezes nos recusamos a pensar! Em muitas situações da vida abrimos mão de
julgar por conta própria, de manifestar a nossa vontade ou opinião e fazemos tudo
o querem que façamos, seja pela autoridade de quem pede (manda) ou pela simples
comodidade que este comportamento traz.
Mas o pensamento é nossa maior
característica como seres humanos. Uma vez que me recuso a pensar, recuso ao
meu traço mais particular e pessoal. Quando me recuso a pensar, aceito tudo: a opinião
dos outros e a propaganda de produtos desnecessários; os programas sem cultura
e apelativos da TV, o desabrigado embaixo da ponte e o refém aprisionado, aceito
a mulher espancada, a adolescente traficada, a criança explorada e também os
políticos corruptos. Quando me recuso a pensar, nego também a possibilidade de
denunciar a maldade, ou a injustiça, a violência a corrupção...
Não pensar é ser medíocre, o
mesmo que ser uma pessoa pela metade. E a mediocridade, segundo a própria Hannah
Arendt, leva a atos abomináveis. O mal começa a ganhar espaço quando nos
acostumamos com ele. Quando o vemos e ficamos indiferentes ou encima do muro
porque “ainda não é comigo”. A bondade, pelo contrário, exige a ousadia de pensar,
em primeiro lugar, mas também a coragem de agir a favor de si mesmo ou dos
outros.
“A manifestação do ato de pensar não é o
conhecimento, mas a habilidade de distinguir o bem do mal”. Quem pensa
verdadeiramente consegue, antes de tudo, ele mesmo evitar fazer o mal. Depois,
consegue fazer algo concreto para que o mal diminua ou pelo menos não se
propague. Pensar é uma forma de resistir e não banalizar a maldade. (Gilson)